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CONEXÃO



Tema de muitas palestras e filmes, a conexão surge quase sempre na sua dimensão de fusão, de destruição de algo para formar uma nova realidade. Aqui interessa-me essencialmente a dimensão empática e identificativa, dois formam partilham um espaço, um sentir e tornam-se simbióticos, tem mais que ver com compreender o outro ser humano na sua integralidade, perceber o outro através de mim mesmo, quando encontro o espaço interno e o reflito no espaço externo, quando me transcendo e transformo, sendo mais do que eu mesmo sou, mas sem me esquecer de quem sou, sem me esquecer de honrar a minha centelha divina.


Alguns seriados de animé conseguem focar bem a necessidade de nos integrarmos em algo maior para superar o que é sobre humano a ideia de contruirmos monstros para combater monstros. Neste particular vou-me focar no diálogo que podemos encontrar quando juntamos as teorias de Jung e Sartre patentes em Neon Génesis Evangelion e o filme Pacific Rim. quase podíamos dizer que o segundo é um spin off do primeiro, mas nada mais errado.



Conceptualmente estamos perante duas ideias completamente opostas, embora o cenário seja pós apocalíptico, o projecto dos Evas em Neon Génesis Evangelion é baseado na teoria do ouriço de Shopenhauer, o conceito de jovens adolescentes que são obrigados a pilotar mega robots para destruir os filhos de Adão, vem de uma linha teosófica, que assenta na expulsão de Adão e Eva do paraíso, sendo os anjos da série os Nefilins, filhos de anjos e homens que se tornaram demónios e que de algum modo se rebelam contra deus.


O Tema comum de defesa da humanidade contra uma ameaça externa toma uma dimensão completamente diferente quando tratamos do filme de Hollywood Pacific Rim. Aqui existe a narração da luta da humanidade contra a sua extinção. Num futuro alternativo ao ano de 2014, é ficcionado um evento que permite a abertura de um portal com os reinos inferiores da terra, de onde surgem bestas com a constituição de dinossauros prontos a destruir a humanidade.


Nesse momento surge a necessidade por questões técnicas de treinar dois pilotos para comandar os robots gigantes, para que um dos pilotos comandasse a parte direita do cérebro do robot e o outro humano comandasse a esquerda. Os pilotos tinham que mergulhar nas memórias um do outro e compartilhar a impulsão que era a junção das duas vidas, do seu passado, das suas feridas, do seu caminho pessoal, só isto permitia a rapidez e a invencibilidade das maquinas de guerra assim concebidas.





Surgem assim os Jagger com os quais os humanos poderiam combater as enormes bestas vindas do interior da terra os Kaijus. Os Jagger sintetizam o que supera a empatia e a cumplicidade, apenas assim neste tipo de parceria seria possível derrotar aqueles gigantes formidáveis e quando as memórias incluíam experiências emocionais passadas em conjunto, elas teriam também de ser partilhadas para a superação.


Pacific Rim é quase o oposto de Néon Genesis Evangelion, pois no primeiro é claramente um filme humanista e que define a existência a partir de uma visão simbiótica ao passo que o segundo define a realidade como a impossibilidade de amar, ou de partilhar porque as memórias seriam tão fortes que isto levaria ou ao afastamento para defesa ou a dor por perfuração como os ouriços que sentem o frio, mas na tentativa de o aplacar a sua sensação de frio acabam por se magoar nessa tentativa de evitar o inevitável.


Tudo se resume a um paradoxo, impulsão que nos leve a conexão profunda e verdadeira implica sempre enfrentar a nossa própria identidade, as máscaras do ego, para no final sermos capazes de nos aceitar, compreender e apoiar e lutar juntos pelos nossos objetivos e necessidades conjuntas, sem co dependências mas procurando funcionar percebendo o que de mais profundo existe na alma daquele com que aceitamos pilotar o Jagger.



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