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REFLEXÕES I "CAIXAS" E "ESTEREÓTIPOS"



A primeira reflexão que gostaria de fazer diz respeito ao esclarecimento de algumas ideias acerca da Astrologia, do Tarot ou PNL. Assim para que quem desconhece é necessário que perceba que se trata de conhecimento, desenvolvimento de intuição e ferramentas para o trabalho com os outros, não são conceitos fechados, dogma ou leis imperativas, são antes meta programas, adaptáveis e transformadores se bem aproveitados.


Uma das ideias mais comuns sobre Astrologia é a catalogação, qualquer Astrólogo mesmo que principiante sabe intuitivamente e depois por conhecimento, que ninguém é igual a ninguém, não existem duas pessoas idênticas, somos únicos, ainda que possamos ter uma direção natural somos compostos de todas as energias do ciclo zodiacal, porque o próprio ciclo zodiacal vive em todos nós de formas diferentes. De acordo com o mapa do céu, mesmo dois gémeos que têm mapas astrais aparentemente iguais, divergem, porque os segundos de diferença alteram a colocação dos astros, sendo que além disso, como indivíduos farão escolhas diferentes e as suas opções perante desafios a forma como as podem trabalhar levarão a escolhas e lições pessoais distintas.


Outra ideia comum é pensar que a Astrologia é estática, uma vez que se baseia numa fotografia e consequentemente a pessoa está destinada e nada poder fazer contra a sua condição. Sobre este conceito, primeiro gostaria de esclarecer que é a pessoa antes de nascer, que define onde e quando quer encarnar, para viver a transformação desta vida. Em segundo lugar traz consigo tensões de outras vidas, os aspetos, que em Astrologia são os mais relevantes, mais decisivos que a colocação dos planetas, e que resultam dos ângulos entre os Astros, que criam solidariedade, tensão ou mesmo conflito/oposição em termos de percurso de vida, sendo ainda necessário perceber se os planetas estão retrógrados.


Existe também a interpretação dos nodos lunares que definem missões de vida, sucessivas se apreciadas por carma, o que nos leva a clara noção que temos que passar por todas as missões, o que nos deve fazer humildes e respeitosos com os outros porque afinal já todas passamos pelos mesmos desafios alguma vez em reencarnações anteriores.


Depois de desmontar a ideia das "caixas" e dos conceitos fechados que como supra referi não existem convém ainda desmontar a ideia dos "estereótipos" dos signos, uma vez mais assenta em ideias simplistas acerca de uma realidade que para a maioria das pessoas é vista por característica de personalidade ou temperamento, e na verdade tem que ver com aptidões. A ideia que o signo solar é o mais importante, e a ignorância da casa astral, bem como o desconhecimento dos planetas regentes nas casas completam a falsa construção acera dos "estereótipos".


Na verdade a casa é o palco onde o ator vive, e o planeta o próprio ator, o signo é o papel desempenhado, assim um palco ou ambiente adverso pode tornar o ator grandioso ou vulgar, sendo que a sua reação vai influenciar o papel que lhe foi destinado, ou seja o papel depende dos papeis dos outros em interação e do ambiente criado. Compreendam que o papel é algo muito relativo e condicionado pela casa que o sustenta porque a cada signo corresponde a uma casa. Mas se o signo é o papel a casa é o cenário, o palco o local onde o ator desempenha o seu papel.


Existem doze casas, que correspondem a doze áreas de desenvolvimento pessoal, de acordo com o nosso nódulo norte, vimos para ser mestres numa dessas áreas, temos que nos transformar, o desafio é tornarmo-nos professores onde fomos alunos, numa linguagem taurina tornarmo-nos fortes ou cheios de recursos onde somos fracos ou limitados.


A área da casa 1 é a casa da imagem pessoal, da afirmação, a casa 2 a casa dos bens materiais e dos recursos, da sabedoria e controle, a casa 3 a casa da mente e desenvolvimento das relações com os irmãos, a casa 4 a casa da mãe, da nutrição da infância, do carinho, a casa 5 a casa da afirmação pessoal, dos jogos, da valorização do eu e da criatividade, a casa 6 a casa do trabalho, da saúde e da dedicação e serviço ao outro, a casa 7 é a casa dos equilíbrios sociais, da harmonia social, parcerias, do discernimento, a casa 8 é a casa da gestão das emoções dos outros, do ocultismo, do sexo, da relação íntima, do apego e manipulação, casa 9 é a casa das viagens, do intelecto superior, da assertividade, do conhecimento coletivo e da fé, casa 10 a casa da imagem social, do pai, da nossa imagem na sociedade e das dificuldades no trabalho, casa 11 é a casa dos amigos, da relação com outros em contexto social transpessoal, é também a casa da astrologia, a casa 12 é a casa do inconsciente, do subconsciente, do que não é visível, de todos os medos e aprendizagens, é a casa da diluição e do último e derradeiro teste ao ego. São assim doze trabalhos, em que temos de ser mestres.


A casa 1 ou casa do signo de carneiro, é muitas vezes vista como a casa regente da imagem social e o carneiro como alguém egoísta, mas a energia de carneira encerra também a humildade de começar sempre de novo e a humildade é o contrário do egoísmo, a energia de se por a prova, pode ser impulsividade mas também iniciativa, a polaridade é a chave.


A casa 2, a casa do signo de touro, é muitas vezes associada ao materialismo e imobilidade, mas os taurinos raramente estão parados e acima de tudo acumulam conhecimento, sim são teimosos, mas uma vez mais resiliência e teimosia são duas faces de uma polaridade que compete ao ator encarnar nas suas escolhas, outra ideia errada é considerar como a casa do dinheiro, quando na verdade os recursos que aqui falamos são essencialmente sabedoria e recursos intelectuais.


A casa 3, a casa do signo de gémeos é conhecida como a casa do conhecimento, mas o que está em causa é o intelecto e a primeira relação social e afetiva com o outro, este nativo procura compreender o mundo e desmonta-lo como um relógio, a sua preocupação é o imediato, ele procura aprender e usar a mente para chegar a quem está próximo, a visão como alguém raso ou interesseiro é uma vez vez na polaridade das energias é não aceitar o lado empenhado na coesão do seu clã.


A casa 4, câncer, é muitas vezes associado às mudanças de humor permanentes destes nativos e mais uma vez esquecemos a capacidade de nutrir, de aprofundar sentimentos, de estar presente e de ser líder pelos afectos, é uma casa fundamental já que é a casa da família, e aqui o desafio é curar as feridas com os familiares, em todos os relacionamentos a partir das cura das emoções e dos sentimentos gerados, também o sentido de finitude da vida.


A casa 5, casa do signo de leão, uma casa de fogo associado a criatividade e ao eu, muitas vezes associado ao orgulho e soberba dos seus nativos, esquecendo frequentemente a sua missão generosa de iluminar o mundo e a vida com a atividade original que o mesmo traz aos seus relacionamentos, é também a casa dos filhos, da relação com as crianças, a sua missão é equilibrar e levar a sua força para os grupos sociais onde tem que se afirmar.


A casa 6 ou do signo de virgem, é muitas vezes mal interpretada, e os seus nativos considerados demasiado preocupados com arrumações e pormenores, no entanto a missão deste nativo e da sua casa prende-se com o trabalho, o serviço, a saúde física, é um natural curador dos outros, quer ajudar quer comunicar porque é regido por mercúrio tal como gémeos, mas quer acima de tudo ser prestativo, assim a sua missão é aprender a nutrir através da sua missão de vida e perceber que faz parte de um mundo que não pode compreender, só aceitar, equilibrar a polaridade do seu lado sombra e realizar a sua nobre missão num serviço mais amplo.


A casa 7 ou signo de balança, é uma das missões, casa e signo mais complexas, porque implica que o eu se relacione com os outros e se torne o nós, casa de ar, de pensamento, de respeito de relacionamentos, não é a casa do namoro, é antes a casa das parcerias, que implica olhar precisamente o dito namoro e casamento com a seriedade que merece, porque mais que rigidez implica empatia, mais que justiça implica discernimento, implica equilibrar todas as áreas da vida, e todas as casas que foram mencionadas até aqui e as que se seguem, os librianos são considerados indecisos e tímidos e infiéis, mas isto é o seu lado sombra, quando calibrados tornam-se mestres no serviço ao próximo numa perspetiva de construir a relação, de a partir do respeito criam confiança e parceria, porque vénus é a sua regente, tal como touro.


A casa 8 ou do signo de escorpião, aqui estamos com plutão, o mal amado, de todos os signos, casas e energias, esta é uma casa de carma tal como a casa 4 de câncer e a casa 12 de peixes, o sexo, o submundo, o ocultismo, a manipulação e o uso do que é dos outros dão uma péssima reputação ao signo de escorpião e às energias plutónicas. No entanto esta é a energia que fecha ciclos, que encerra os fins e necessariamente os começos, a transformação e a passagem, nesta casa é necessário aprender a viver e a transformar-se a usar os recursos mesmo que dos outros e acima de tudo a transformar os seus sentimentos que só podem ser transformados pela redenção e pela empatia, é a casa da entrega sexual, que se for verdadeira é libertadora, nesta energia a sua polaridade negativa destrói o próprio nativo, mas se bem trabalhada é o caminho para a segurança.


A casa 9 ou do signo de sagitário, é casa do pensamento superior, dos estudos superiores, das viagens por culturas desconhecidas, é a casa da aventura, da fé, de tudo aquilo que se permite ser e não ser, o bom professor que ensina pelo estímulo, que nos traz a noção de expansão, que educa de forma liberal permitindo ao outro testar-se a si mesmo em liberdade, é também a casa da assertividade, da direção, do verso e do reverso, porque o seu fogo é temperado e estratega, muitas vezes acusados de abandonar o barco, cobardia, sorte e astúcia na sua polaridade positiva é confiante, otimista, bem humorado, autêntico, diplomata com uma inteligência complexa, de algum modo obriga a expansão do conhecimento de gémeos, implica uma maior noção do outro, do conhecimento do que vem a seguir e da tolerância, temperança e respeito pelos outros.


A casa 10 ou do signo de capricórnio, é a casa do professor mau, do castigador, do reconhecimento social, mas estas visões são redutoras, porque se o conhecimento implica expansão, implica sempre rigor e dedicação e esta energia tem a sua polaridade positiva na capacidade de olhar as nossas fragilidades perante o mundo de forma pragmática, tudo o que vale a pena implica trabalho, dedicação e mesmo obstinação, e só pelo trabalho e entregas permanentes podemos ser bem sucedidos, é uma casa e energia de desafio, de transformação interna e externa, assim definir o capricórnio como manipulador e déspota é centrar o trabalho e mestria da imagem social em algo puramente institucional e mundano, o que é a sua polaridade negativa mas é ignorar o positivo que consiste na obrigação que todos temos de nos tornar pelo trabalho, pela constância abnegada em modelos sociais e pilares do correto trazendo por esta missão valor ao mundo, sem pilares o mundo desaba e o capricórnio impede esse desabar em prol do outro mesmo que ela não veja.


A casa 11 ou do signo de aquário, esta é uma das missões mais complexas de todo o zodíaco, o aguadeiro é muitas vezes visto como alguém que tem pouco capacidade de se impor, ou de ser relevante, o eterno rebelde que se conforma assim que lhe é dada oportunidade para o fazer, esta visão é mais uma vez focada apenas na polaridade negativa da energia. A energia de aquário ou Úrano é uma das missões mais necessárias, porque ela implica a transformação da sociedade como um todo, mudança de consciência e aqui neste plano, não num mundo que ainda não veio, que ainda está por vir, tal como gémeos e libra ou balança, este nativo tem que se superar para que a sua polaridade positiva venha ao de cima, os singos de ar, gémeos, balança e aquário tem que se afirmar perante os outros, a sua missão é social, mas como partem do pensamento muitas vezes travam-se vindo ao de cima o medo em lugar da missão, o aquário terá de ser destemido e quando tiver em posição de poder, que ele saberá conquistar com a sua entrega por ser fixo, trará finalmente a sua natureza transformadora e redentora.


A casa 12 ou do signo de peixes, enfim chegámos a energia mais complexa do zodíaco, porque aqui estamos no fim dos nossos Samskáras, ou seja no fim dos nossos trabalhos e carregos, o dharma, ou carrego que trazemos de vidas passadas está sobre os nossos ombros, esta é a maior pressão porque esta energia é a final, relaciona-se com a nossa saúde mental, com os nossos anseios e medos mais profundos, com a transformação radical que queremos operar, a alma que escolheu encarnar nesta missão traz sobre si mesma a obrigação de se libertar. O nativo de peixes é muitas vezes visto como afastado da realidade, em busca de alienação e em fugas constantes da realidade, este no entanto é o seu lado sombra que ele deverá combater de forma feroz, deverá fazer desta oportunidade a de trazer luz ao mundo, porque afinal tudo é amor, amor no início, no meio e no fim, e ele terá que trazer essa missão de amor e empatia ao mundo, ser capaz de tal como aquário, usar a sua missão para mudar o mundo, na era de aquário, Úrano e Neptuno, juntamente com Plutão, os transpessoais são o caminho da libertação.


Fica assim evidente que Astrologia e as ferramentas que podemos usar para completar a sua analise nada tem que ver com ideias limitadoras e limitantes, que se trata de uma ciência especulativa a partir de uma ciência descritiva que é a Astronomia, tal como a Trigonometria se baseia na Álgebra, todas ciências matemáticas, diria linguagens e línguas do universo a serem apreendidas na sua Literatura e Cultura próprias.



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